Archive for novembro 2009

Ps.: Não encontrado


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De repente acordei só. Virei de um lado para o outro mas, de repente a cama parecia tão grande. Não senti seu corpo do outro lado. Você não estava ali. Abri os olhos. Fitei a luminária, aquela que você me deu e que com as próprias mãos instalou. Olhei as paredes, aquelas que você pintou. Lembra daquele dia? Tão feliz, éramos tão felizes. Como crianças brincávamos com as tintas fazendo mil combinações. Pensa que eu não vi, mas no canto da parede você deixou sua assinatura. De repente aquela pequena palavra parecia tanto para mim. Senti algo estranho em meu peito, como se me tivessem arrancado algo. Um órgão, uma célula, um átomo...Seria possível perceber a morte de uma célula agora.

Uma célula. Algo tão de mim, com meu DNA. Um pequeno "eu". Era assim. Simplesmente assim. Você foi uma célula. Aliás, foi todas as células, foi algo de mim, de minha natureza. Sentir-me só não é comum. Nunca foi. Logo eu, que sempre tive muitos amigos e sempre estive rodeada de gente. Logo agora, nenhum estava ali. E nem você. Essa era a parte que mais dói. E como dói.


Saber que nunca te verei de novo me corrói como ácido por dentro. Tenho vontade de gritar de dor. É como se me tivessem retirado as tripas, o pulmão, o coração...tudo. E você era esse tudo. Nunca mais sentir tua pele na minha, teu cheiro, tua textura, tuas mãos...Nunca mais ver teus olhos, teu sorriso...

Tive uma idéia: talvez onde você estiver possa receber minha mensagem. Levantei depressa e peguei o celular. Escrevi: "quero você agora".
Foi quando recebi uma mensagem no celular: "Telefone não encontrado".
Custa-me acreditar.
De repente eu perdi o chão.

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